Presença real do Cristo na Palavra e na Eucaristia
O mistério da
Palavra assim como o mistério da Eucaristia levam, os dois, ao mistério do Cristo
Jesus. Eles têm a mesma importância no sentido de que ambos são epifania do Ressuscitado. É com prazer
que Jerônimo (+ 419/420) se empenha em lançar a identificação entre Palavra e
Eucaristia quando explica: “Quanto a mim, penso que o Evangelho é o corpo do
Cristo e que a Sagrada Escritura é sua doutrina. Quando o Senhor fala em comer
sua carne e beber seu sangue, é certo que fala do mistério (da Eucaristia).
Entretanto seu verdadeiro corpo e seu verdadeiro sangue são (também) a Palavra
da Escritura e sua doutrina”.
A mesma
presença do Cristo que habita a Escritura, habita também a Eucaristia. É, pois,
com razão que podemos falar de uma presença real do Cristo na Palavra, tão real
quanto da Eucaristia. Na sua encíclica Mysterium
fidei centrada na Eucaristia, que insiste muito a propósito da presença
real do Cristo na Eucaristia, Paulo VI explica que esta presença real
eucarística não exclui os outros modos de presença real: “Esta presença,
chamamo-la de real não a título exclusivo como se as outras presenças não
fossem reais, mas, por excelência, porque ela é substancial”. Há portanto uma
presença real de Cristo na Eucaristia, presença que é substancial por
excelência, mas há também uma presença real do Cristo na sua Palavra, que é
igualmente “real”, embora não substancial. Precisemos os dados. A presença
“real” do Cristo na Eucaristia é chamada substancial: está ligada à substância
do pão. Ela perdura durante todo o tempo que dura a celebração eucarística, de
um lado, e, de outro, mesmo depois da celebração, tanto tempo quanto perdurem
as “espécies” do pão. Na celebração da Palavra, ao contrário, a presença real
do Cristo na Palavra dura tanto tempo quanto dure a celebração da Palavra, mas
ela cessa quando a celebração termina e a assembleia se dispersa, permanecendo
apenas no coração dos fiéis que retamente escutaram a Palavra e buscarão
colocá-la em prática. Nos dois casos, entretanto, a presença do Cristo é uma
presença real.
Numerosos são
os pontos em comum entre o mistério da Palavra e o da Eucaristia: Em uma, o
Cristo está presente sob o “véu” das palavras humanas. Noutra está presente sob
o “véu” do pão e do vinho. em uma, o Espírito transfigura as palavras humanas em
palavras inspiradas, fá-las aceder ao plano superior da Revelação, coloca-as no
tesouro da Palavra de Deus. Noutra, este mesmo Espírito, na epiclese litúrgica,
consagra o pão e o vinho em Corpo e Sangue do Cristo e os faz aceder ao domínio
da criação transfigurada pela divindade. Em uma, a ressurreição de Jesus, operada
pelo Espírito, torna-se o princípio primeiro da inteligência da Escritura.
Noutra, esta mesma ressurreição confere seu sentido último à Eucaristia, corpo
de Cristo ressuscitado e sacramento de vida pascal. Numa, a Palavra é princípio
de vida eterna. “Tu tens palavras de vida eterna”, clama a fé cristã ao Cristo
Jesus (Jo 6,68). Noutra, o mesmo pão vivo descido do céu destrói as fronteiras
da morte e dá a vida eterna (Jo 6,51).
“Parti o mesmo pão, escreve Inácio de
Antioquia, este pão é remédio de imortalidade, antídoto contra a morte, faz
viver eternamente.”
Em termos bíblicos, poderíamos desenvolver a temática acima a partir da conhecida passagem evangélica dos discípulos de Emaús. Continua...
Quero parabenizar a comissão diocesana de liturgia pelo trabalho e empenho em divulgar tais formações, informações e catequese. É enriquecedor! Confesso que tenho celebrado melhor, com mais consciencia. Porém, diante de tantos afazeres não encontro o tempo que gostaria para meditar todo o conteúdo. Fica aí uma sugestão para aproveitarmos melhor o blog: criar um grupo de estudo, escolher um tema especifico, organizar perguntas e respostas, uma comunicação com o grupo...com um cronograma para seguirmos. Saudações ao Pe. Matheus e sua equipe. Deus continue lhes abençoando
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