quinta-feira, 12 de abril de 2012

Formação litúrgica para Leitores, 1ª parte: "Ei, você, pode fazer leitura na missa hoje?"


formação para leitores, 1ª parte:
“Ei, você: pode fazer leitura na missa hoje?”

Se em sua paróquia esta pergunta não faz mais parte do diálogo habitual dos responsáveis pela organização litúrgica, agradeça profundamente ao Senhor! O espírito do Concílio Vaticano II já está se instaurando em sua comunidade paroquial.
Muito se avançou na consciência de uma liturgia bem celebrada por nossos diversos ministros e ministras espalhados pela Diocese. Grande parte de nossas assembleias litúrgicas já contam com um estável grupo de leitores para as missas que, antecipadamente, se preparam para o exercício de tão excelso ministério litúrgico. Excelso sim, sem exagero por parte do autor destas linhas!
Alguém poderá dizer: “mas sem o leitor a missa acontece da mesma forma”. De fato, juridicamente (ou seja, por lei divinamente instituída) Jesus se faz presente no pão e no vinho consagrado por um padre validamente ordenado. Mas sem um leitor apaixonado pela sua missão, competente no exercício da mesma e transbordante de espiritualidade pascal, penso que Deus “perderá” uma oportunidade impar de atingir um coração distraído e que esteja presente em Sua assembleia. Jesus Ressuscitado conta com bons leitores, diáconos e padres para se tornar Palavra outra vez e chegar aos corações humanos: excelso ministério daquele que empresta todo o seu ser para que o Senhor possa se comunicar com sua família!
Digo “todo o seu ser” pois, humanamente, um bom comunicador não se utiliza somente de sua voz. Segundo Lair Ribeiro, o comunicador deve estar atento aos gestos, pois a palavra representa apenas 7% da capacidade de influenciar pessoas, enquanto que, o tom de voz representa 38% do poder da comunicação e a postura corporal 55% desse poder. Se estes três elementos estão presentes em qualquer comunicação humana, em se tratando da leitura da Palavra de Deus, um quarto fator precede (mas não desmerece) a todos os demais: a espiritualidade.
O bom leitor (seja ele leigo, a respeito das leituras e do canto do salmo, ou ministro ordenado, quanto à proclamação do Evangelho), é aquele que deixa transbordar pela postura, olhar e voz a SUA experiência com o Senhor da Palavra. Só assim ele poderá proclamar a “Palavra do Senhor” com a nobreza de quem se entende “Arauto do Rei” e com a humildade de quem sabe que é importante que “Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,30). Lê bem a palavra que nos traz a salvação aquele que leva seus irmãos para o Senhor, e não para si próprio. Mesmo que sua experiência com o Senhor seja fundamental para o salutar exercício de seu ministério, o bom Leitor é uma seta: aponta para o Cristo, único Cordeiro que tira o pecado do mundo (Jo 1,27).
 Nossas liturgias já avançaram muito. Nossos Leitores (com “L” maiúsculo) estão descobrindo a grandeza de seu ministério nas celebrações litúrgicas. Mas como o Senhor disse a Elias por meio do anjo, hoje também nos repete: “Levanta-te e come, ainda tens longo caminho a percorrer” (1Rs 19,7). A cada Domingo, dia do Ressuscitado, a Igreja se levanta de seu natural cansaço diante de tantos desafios que o mundo nos apresenta no decorrer da semana, se alimenta da Palavra e da Eucaristia e, robustecida pela graça de seu Senhor, volta para a sua missão de espalhar pelo mundo, o reinado Daquele que venceu o pecado e a morte.
Queridos Leitores e Leitoras de nossas santas assembleias: o ministério que vocês exercem é insubstituível. Não descuidem de seu exercício, não subestimem sua grandeza, não menosprezem o seu valor.

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