formação para leitores, 1ª parte:
“Ei, você: pode fazer
leitura na missa hoje?”
Se em sua
paróquia esta pergunta não faz mais parte do diálogo habitual dos responsáveis
pela organização litúrgica, agradeça profundamente ao Senhor! O espírito do
Concílio Vaticano II já está se instaurando em sua comunidade paroquial.
Muito se
avançou na consciência de uma liturgia bem celebrada por nossos diversos
ministros e ministras espalhados pela Diocese. Grande parte de nossas assembleias
litúrgicas já contam com um estável grupo de leitores para as missas que,
antecipadamente, se preparam para o exercício de tão excelso ministério
litúrgico. Excelso sim, sem exagero por parte do autor destas linhas!
Alguém poderá
dizer: “mas sem o leitor a missa acontece da mesma forma”. De fato, juridicamente (ou seja, por lei
divinamente instituída) Jesus se faz
presente no pão e no vinho consagrado por um padre validamente ordenado. Mas
sem um leitor apaixonado pela sua missão, competente no exercício da mesma e
transbordante de espiritualidade pascal, penso que Deus “perderá” uma
oportunidade impar de atingir um coração distraído e que esteja presente em Sua
assembleia. Jesus Ressuscitado conta com bons leitores, diáconos e padres para
se tornar Palavra outra vez e chegar
aos corações humanos: excelso ministério daquele que empresta todo o seu ser
para que o Senhor possa se comunicar com sua família!
Digo “todo o
seu ser” pois, humanamente, um bom comunicador não se utiliza somente de sua
voz. Segundo Lair Ribeiro, o comunicador deve estar atento aos gestos, pois a palavra
representa apenas 7% da capacidade de influenciar pessoas, enquanto que, o tom
de voz representa 38% do poder da comunicação e a postura corporal 55% desse
poder. Se estes três elementos estão presentes em qualquer comunicação humana,
em se tratando da leitura da Palavra de Deus, um quarto fator precede (mas não
desmerece) a todos os demais: a espiritualidade.
O bom leitor
(seja ele leigo, a respeito das leituras e do canto do salmo, ou ministro ordenado,
quanto à proclamação do Evangelho), é aquele que deixa transbordar pela
postura, olhar e voz a SUA experiência com o Senhor da Palavra. Só assim ele
poderá proclamar a “Palavra do Senhor” com a nobreza de quem se entende “Arauto
do Rei” e com a humildade de quem sabe que é importante que “Ele cresça e eu
diminua” (Jo 3,30). Lê bem a palavra que nos traz a salvação aquele que leva
seus irmãos para o Senhor, e não para si próprio. Mesmo que sua experiência com
o Senhor seja fundamental para o salutar exercício de seu ministério, o bom
Leitor é uma seta: aponta para o Cristo, único Cordeiro que tira o pecado do
mundo (Jo 1,27).
Nossas liturgias já avançaram muito. Nossos
Leitores (com “L” maiúsculo) estão descobrindo a grandeza de seu ministério nas
celebrações litúrgicas. Mas como o Senhor disse a Elias por meio do anjo, hoje
também nos repete: “Levanta-te e come, ainda tens longo caminho a percorrer”
(1Rs 19,7). A cada Domingo, dia do Ressuscitado, a Igreja se levanta de seu
natural cansaço diante de tantos desafios que o mundo nos apresenta no decorrer
da semana, se alimenta da Palavra e da Eucaristia e, robustecida pela graça de
seu Senhor, volta para a sua missão de espalhar pelo mundo, o reinado Daquele
que venceu o pecado e a morte.
Queridos
Leitores e Leitoras de nossas santas assembleias: o ministério que vocês
exercem é insubstituível. Não descuidem de seu exercício, não subestimem sua
grandeza, não menosprezem o seu valor.
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