Estamos
vivendo dias intensos em nossa realidade eclesial taubateana. A chegada de um
novo Bispo em uma Diocese confirma-a na Tradição da Igreja expressa pelas
palavras do Apóstolo Paulo: “Paulo plantou, Apolo é quem regou, mas é Cristo
quem faz crescer” (1Cor 3,6). A história de nossa Igreja de Taubaté dá novos
passos, agradecida pelo ministério episcopal exercido por Dom Carmo, acolhendo
agora com alegria um novo sucessor dos Apóstolos, Dom Wilson Angotti.
A chegada de
um novo Bispo em uma Diocese é intitulada, canonicamente, “Tomada de Posse de
seu Ofício”. Isto não significa que Dom Wilson será “dono” da Diocese de
Taubaté; a Diocese não passará a ser “sua posse”. Na verdade Dom Wilson toma
posse de seu “ofício”, ou seja, da sua função de Bispo: Sucessor dos Apóstolos
e servidor da Igreja de Taubaté na promoção da comunhão eclesial. Será ele o
sinal da unidade de nossa Diocese em torno de Jesus Ressuscitado, na força do
Espírito, à caminho do Reino definitivo.
Contudo, para
evitar a compreensão errônea exposta no início deste artigo, Dom Wilson
preferiu chamar este evento de “Início de seu Ministério Pastoral como 7º Bispo
da Diocese de Taubaté”, enfatizando o pastoreio que ele irá exercer em nosso
favor e em nome de Cristo. O início de seu ministério episcopal entre nós foi
marcado para se realizar na Igreja Catedral, e isto tem um motivo muito
especial: lá se encontra a Cátedra do Bispo.
Segundo José Aldazábal,
grande liturgista, a palavra Cátedra tem sua origem no grego: kathedra, composta, por sua vez, da
junção de duas palavras: kata (no
alto) e hedra (assento). Da mesma
raiz é a palavra cadeira. Chama-se cátedra a um assento solene.
São variados
os derivados da palavra cátedra: catedrático é o titular de uma cátedra na
universidade. A “cátedra de São Pedro” é sinônimo do ministério do Papa, tanto
que, em 22 de fevereiro, celebramos a Festa da “Cátedra de Pedro”. Quando se
diz que o Papa fala “ex cathedra”,
quer-se dizer que fala a partir da plenitude do seu magistério.
No entanto, a
palavra Cátedra aplica-se sobretudo à cadeira do Bispo na sua igreja, que se
chama “Catedral” precisamente porque contém a cátedra do Bispo, como igreja-mãe
de todas as outras da diocese. A cátedra episcopal de Taubaté está na lateral
esquerda de quem está diante do altar da Catedral. A partir dela, situada de
modo que possa ver e ser visto pela sua comunidade, preside e prega o Bispo. Talvez
seja o símbolo mais antigo do ministério episcopal, do seu magistério e da sua
autoridade pastoral. Nela, normalmente, só toma lugar o Bispo Diocesano ou
alguém a quem ele o conceda. Os outros, quando presidem à Eucaristia na igreja
catedral, fazem-no de outra cadeira. Na ordenação de um bispo, se tem lugar na
igreja catedral da sua diocese, um dos gestos mais expressivos da inauguração
do seu ministério é a tomada de posse da sua cátedra.
É este o
principal ato da Celebração de abertura do Ministério Episcopal de Dom Wilson
como nosso Bispo Diocesano, no dia 13 de junho. O Arcebispo de nossa Província
Eclesiástica de Aparecida, Dom Raymundo, pedirá que seja lida a Bula do Santo
Padre, o Papa Francisco, nomeando Dom Wilson como Bispo de Taubaté. Depois de
lida, ela é apresentada ao Colégio de Consultores: um grupo de 6 padres que em
nome da Diocese reconhecerão o documento como autêntico. Em seguida o Arcebispo
de Aparecida entregará o Báculo de Pastor a Dom Wilson e o convidará a
sentar-se em sua Cátedra, recebendo, na Cátedra, os cumprimentos e voto de
obediência dos representantes de todo o Povo de Deus que compõe nossa Diocese:
padres, diáconos, religiosos, religiosas e fiéis leigos e leigas.
Tudo isto se
dará no início da celebração da missa que seguirá como de costume, até o
momento da homilia quando Dom Wilson dirigirá, da Cátedra, as primeiras palavras
ao seu povo como Anunciador do Evangelho e Mestre da Doutrina deixada por
Cristo à sua Igreja.
Significado do Báculo
Báculo, do
latim, significa bastão, cajado. Em sentido simbólico passou a indicar apoio,
pela sua função de ajuda no caminhar e, sobretudo, autoridade, por analogia com
a vara ou bastão que o pastor usa para conduzir e dirigir o seu rebanho. Em
muitas culturas, desde a Antiguidade, o báculo significa a autoridade do
governante, nas suas diversas modalidades, tendo o cetro do rei como seu maior
expoente. No âmbito eclesiástico, possivelmente desde o século VII, o báculo
passou a ser a insígnia simbólica do Bispo, como pastor da comunidade cristã,
que guarda e acompanha com solicitude o rebanho que lhe foi confiado pelo
Espírito Santo. Este bastão é, do mesmo modo, insígnia da jurisdição do Bispo.
Assim sendo, ele não pode usá-lo fora de sua própria diocese (não é território
sob sua responsabilidade, portanto, não está em meio a suas ovelhas), a menos
que o Bispo Diocesano local lhe permita.
Muito profundo
significado sobre o báculo é o que nos ensinou São João Paulo II, em uma
Ordenação Episcopal, durante uma viagem sua à África em 1980: “Vós portais,
com direito, na mão, o báculo do pastor. Lembrai-vos que vossa autoridade,
segundo Jesus, é aquela do Bom Pastor, que conhece suas ovelhas e está muito
atento a cada uma delas; é aquela do Pai que se impõe por seu espírito de amor
e de devotamento; é aquela do intendente, pronto para prestar contas a seu
mestre; é aquela do ‘ministro’, que está em meio aos seus ‘como aquele que
serve’ e que está pronto para dar a sua vida”.