quarta-feira, 2 de maio de 2012

Presença real de Cristo na Eucaristia e na Palavra - 3ª parte, análise bíblica


Presença real de Cristo na Eucaristia e na Palavra a partir do relato bíblico dos “Discípulos de Emaús”

            Toda a reflexão acima sobre a presença real de Cristo na Palavra e real e substancialmente presente na Eucaristia é iluminada sobejamente pelo relato bíblico dos “Discípulos de Emaús” (Lc 24,13-35). A comunidade peregrina está desanimada: o Senhor está morto e, com ele, todas as aspirações religiosas e até mesmo humanas dos discípulos também desfalecem – faltam-lhes o princípio vital. O Espírito que tornou Cristo um ser vivente para todo o sempre ainda não os havia tocado.
Justamente diante  de todo cansaço da vida, do desânimo em relação ao presente e a falta de expectativa e esperança em relação ao futuro... o Senhor Ressuscitado realmente se faz presente entre eles (cumprindo sua promessa: “onde dois ou mais estão reunidos em meu nome eu estarei no meio deles” Mt 18,20).
            Esta mesma presença real de Cristo no meio da comunidade reunida em oração se torna ainda mais evidente quando Ele começa a refletir a Palavra. Sinal eloquente deste real presença é o sentimento de esperança diante do futuro e de ânimo renovado frente ao presente, simbolizado pelos “corações aquecidos”. É Cristo que fala quando se lêem as Escrituras, seja na experiência de Emaús, seja em cada encontro celebrativo ao redor de sua Palavra; e quando Ele fala, tudo muda, tudo se renova – os corações se aquecem!
Não sem razão a Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium, sobre a Sagrada Liturgia, assim se expressa: “Para realizar tão grande obra de salvação, Cristo está sempre presente na sua igreja, especialmente nas ações litúrgicas. Está presente no sacrifício da Missa, quer na pessoa do ministro – “O que se oferece agora pelo ministério sacerdotal é o mesmo que se ofereceu na Cruz” – quer e sobretudo sob as espécies eucarísticas. Está presente com o seu dinamismo nos Sacramentos, de modo que, quando alguém batiza, é o próprio Cristo que batiza. Está presente na sua Palavra, pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura. Está presente, enfim, quando a Igreja reza e canta, Ele que prometeu: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles” (Mt. 18,20).
Tal presença real de Cristo em sua Igreja torna-se substancial pela “Fração do Pão” – um dos primeiros modos usados pelos cristãos para designar a Eucaristia. Recorrendo ao dois amigos que partiam para Emaús, a presença de Cristo até então sensível e real apenas pela partilha da Palavra torna-se substancial quando há a partilha do Pão. Esta presença é de tal forma substancial que a própria realidade corpórea do Senhor se desfaz da visão humana para dar lugar ao Pão partido, consagrado, que de ora em diante será a equivalência de sua existência terrena: a mesma substância do seu Ser está presente no Pão, logo, não há mais porquê ser visto humanamente.  
Refeitos pela presença real, substancial e vivente do Mestre, os discípulos se erguem e agora correm para anunciar a boa nova. A consequência do contato com o Ressuscitado, seja realmente presente na oração comum e na Palavra celebrada, seja real e substancialmente presente na Eucaristia, faz com que o discípulo se torne um missionário da esperança.  Contudo, ressalta-se que uma presença não anula a outra, mas complementam-se. Sem a Palavra que aquece os corações quando celebrada, contemplada e orada em comunidade, a Eucaristia não alcança a plenitude de sua eficácia, mesmo com toda a substancialidade do Senhor presente.

Ao final desta postagem, concluimos que a presença real de Cristo "na Eucaristia" é "visivel" por meio do sinal sensível do pão e do vinho consagrados. Hoje, Jesus não caminha visivelmente conosco durante a "Liturgia da Palavra", como caminhou com os discípulos de Emaús, mas nem por isso sua presença é menos real quando celebramos sua Palavra. Todavia, nós, seres humanos, temos necessidade de vê-Lo presente, como vemo-LO na Eucaristia. Como torná-Lo visível? Quais os meios temos à nossa disposição para que a presença real de Cristo na Palavra "toque" aqueles que a celebram? Dê sua opinião...

3 comentários:

  1. Bem, eu gostaria que fosse no anonimato (rss) mas como não é possivel, vamos lá, se eu estiver errada por favor me corrijam:
    Por mais convicção que se tenha da presença real de Cristo, uma celebração bem preparada nos reporta à presença do Cristo, sim, é possivel sentir a presença do mestre, mas para isso é fundamental que Ele seja o centro de tudo. Uma equipe em sintonia entre si, mais principalmente em sintonia com Cristo. É enriquecedor para a alma ver, por exemplo, um celebrante no presbitério compenetrado em sintonia com o Cristo Palavra e Cristo Eucaristico. O testemunho arrasta!

    ResponderExcluir
  2. É enriquecedor para a alma, por exemplo, cada ministro envolvido com a celebração do Senhor - ordenado ou leigo - compenetrado em sintonia com o Cristo Palavra e Cristo Eucarístico. O testemunho arrasta!

    ResponderExcluir
  3. sim! Cada ministro - ordenado ou leigo!

    Busquemos a sintonia!

    ResponderExcluir