A procissão do Evangelho
“Eis que
se adianta a procissão do Santo Evangelho”
Entre as procissões que
se realizam durante a missa, a do Evangelho deveria ser a mais festiva e a mais
alegre. Com efeito, enquanto a procissão de entrada, a das oferendas e a da
comunhão, têm todas por finalidade satisfazer a uma necessidade prática (formar
a assembléia, levar as oferendas ao altar, receber a comunhão), a procissão do
Evangelho tem por primeira e principal finalidade a glorificação do Cristo na sua
Palavra e a aclamação da sua presença. Eis aqui o ponto culminante da
celebração da Palavra. Conforme o antigo Ordo
da liturgia galicana (VI século), o clero cantava: “Portas, levantai vossos
frontões! Elevai-vos, portas eternas! Entre o Senhor todo-poderoso,o Rei da
glória” (Sl 23(24),7). E o Ordo do VI
século explica: “Eis que se adianta a procissão do Santo Evangelho, como o
poderio do Cristo triunfando da morte, em meio aos cânticos acima citados e dos
sete candelabros (que são os sete dons do Espírito Santo, ou ainda as lâmpadas
da Lei antiga, crucificadas pelo mistério da cruz). (O diácono) sobe ao ambão,
como o Cristo à cátedra do reino do Pai, e dali proclama os dons da vida,
enquanto os clérigos aclamam: Glória a vós, Senhor!”.
Tais palavras são tiradas
dos ritos referentes à liturgia galicana do VI século, mas podem iluminar
sobremaneira nossos olhos quando celebrarmos os nossos ritos atuais. Os ritos
mudaram, mas o sentido permanece.
O rito do Evangelho hoje
“Enquanto se canta o Aleluia ou outro canto (na quaresma), se
for usado o incenso, o diácono o oferece ao sacerdote para que o coloque. Em
seguida, inclinado diante do sacerdote, pede a bênção, dizendo em voz baixa. O
diácono responde: Amém, em seguida, se o livro dos Evangelhos estiver sobre o
altar, ele o toma e se dirige ao ambão, precedido pelos ministros, se houver,
que carregam os castiçais e, se se julgar oportuno, o incenso. Do ambão, saúda
o povo, incensa o livro e proclama o Evangelho”.
Quando a missa é
celebrada sem diácono, o ritual é fundamentalmente o mesmo, com as necessárias
adaptações: “Enquanto se canta o Aleluia ou outro canto, o sacerdote..., com as
mãos postas, e inclinado diante do altar, reza em voz baixa... Então, se o
livro dos Evangelhos está sobre o altar, ele o toma e, precedido pelos
ministros – que podem levar o incenso e as velas - , dirige-se ao ambão” (IGMR
93-94).
Sugestões pastorais
O coração do rito, se
considerado no que tem de mais simples, mas perfeitamente significativo, assim
se apresenta: o sacerdote toma o Evangeliário, palavra do Cristo, de cima do
altar, que representa o Cristo, e o leva ao ambão, lugar da Palavra de Deus,
enquanto se aclama o Senhor. Parece-nos que essa procissão, que conserva a
transparência de seu significado em todas as circunstâncias, deveria ser
realizada em todas as missas dominicais. Mesmo que o espaço exíguo não permita
uma procissão solene (embora nossos templos devessem ser construídos levando em
consideração todos os ritos celebrativos, logo, também o da procissão do
Evangelho), dever-se-ia ao menos fazer a ostensio
Evangelii, isto é, mostrar o livro dos Evangelhos: o celebrante toma o
livro de cima do altar, mostra-o à assembléia que aclama o Cristo com o canto
dos homens novos: o Aleluia. Essa ostensio é semelhante à da hóstia
consagrada e à do cálice, por ocasião da consagração. Mesmo em situações as
mais humildes, o rito conserva seu luminoso significado. É esse coração do rito
que o “Diretório das missas para crianças” sugere realizar quando convida as
crianças a participarem da procissão do Evangeliário: “A participação ao menos
de algumas crianças na procissão do Evangeliário assinala mais claramente a
presença do Cristo anunciando a palavra a seu povo”.
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