terça-feira, 15 de maio de 2012

O uso do Evangeliário - 2ª parte


A procissão do Evangelho   
Eis que se adianta a procissão do Santo Evangelho


Entre as procissões que se realizam durante a missa, a do Evangelho deveria ser a mais festiva e a mais alegre. Com efeito, enquanto a procissão de entrada, a das oferendas e a da comunhão, têm todas por finalidade satisfazer a uma necessidade prática (formar a assembléia, levar as oferendas ao altar, receber a comunhão), a procissão do Evangelho tem por primeira e principal finalidade a glorificação do Cristo na sua Palavra e a aclamação da sua presença. Eis aqui o ponto culminante da celebração da Palavra. Conforme o antigo Ordo da liturgia galicana (VI século), o clero cantava: “Portas, levantai vossos frontões! Elevai-vos, portas eternas! Entre o Senhor todo-poderoso,o Rei da glória” (Sl 23(24),7). E o Ordo do VI século explica: “Eis que se adianta a procissão do Santo Evangelho, como o poderio do Cristo triunfando da morte, em meio aos cânticos acima citados e dos sete candelabros (que são os sete dons do Espírito Santo, ou ainda as lâmpadas da Lei antiga, crucificadas pelo mistério da cruz). (O diácono) sobe ao ambão, como o Cristo à cátedra do reino do Pai, e dali proclama os dons da vida, enquanto os clérigos aclamam: Glória a vós, Senhor!”.
Tais palavras são tiradas dos ritos referentes à liturgia galicana do VI século, mas podem iluminar sobremaneira nossos olhos quando celebrarmos os nossos ritos atuais. Os ritos mudaram, mas o sentido permanece.

O rito do Evangelho hoje
Eis o que hoje prescreve a liturgia romana para o diácono em nossa liturgia atual:
“Enquanto se canta o Aleluia ou outro canto (na quaresma), se for usado o incenso, o diácono o oferece ao sacerdote para que o coloque. Em seguida, inclinado diante do sacerdote, pede a bênção, dizendo em voz baixa. O diácono responde: Amém, em seguida, se o livro dos Evangelhos estiver sobre o altar, ele o toma e se dirige ao ambão, precedido pelos ministros, se houver, que carregam os castiçais e, se se julgar oportuno, o incenso. Do ambão, saúda o povo, incensa o livro e proclama o Evangelho”.

Quando a missa é celebrada sem diácono, o ritual é fundamentalmente o mesmo, com as necessárias adaptações: “Enquanto se canta o Aleluia ou outro canto, o sacerdote..., com as mãos postas, e inclinado diante do altar, reza em voz baixa... Então, se o livro dos Evangelhos está sobre o altar, ele o toma e, precedido pelos ministros – que podem levar o incenso e as velas - , dirige-se ao ambão” (IGMR 93-94). 

Sugestões pastorais
O coração do rito, se considerado no que tem de mais simples, mas perfeitamente significativo, assim se apresenta: o sacerdote toma o Evangeliário, palavra do Cristo, de cima do altar, que representa o Cristo, e o leva ao ambão, lugar da Palavra de Deus, enquanto se aclama o Senhor. Parece-nos que essa procissão, que conserva a transparência de seu significado em todas as circunstâncias, deveria ser realizada em todas as missas dominicais. Mesmo que o espaço exíguo não permita uma procissão solene (embora nossos templos devessem ser construídos levando em consideração todos os ritos celebrativos, logo, também o da procissão do Evangelho), dever-se-ia ao menos fazer a ostensio Evangelii, isto é, mostrar o livro dos Evangelhos: o celebrante toma o livro de cima do altar, mostra-o à assembléia que aclama o Cristo com o canto dos homens novos: o Aleluia. Essa ostensio é semelhante à da hóstia consagrada e à do cálice, por ocasião da consagração. Mesmo em situações as mais humildes, o rito conserva seu luminoso significado. É esse coração do rito que o “Diretório das missas para crianças” sugere realizar quando convida as crianças a participarem da procissão do Evangeliário: “A participação ao menos de algumas crianças na procissão do Evangeliário assinala mais claramente a presença do Cristo anunciando a palavra a seu povo”.

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