sábado, 5 de maio de 2012

Presença real de Cristo na Eucaristia e na Palavra - enfoque antropológico


Presença real de Cristo na Eucaristia e na Palavra
Enfoque antropológico

Após conceituarmos teológica e biblicamente a presença real de Cristo na Palavra, e real e substancial na Eucaristia, convém ampliar a reflexão com as implicações antropológicas destas verdades de fé, pois, embora reais, tais presenças não são realmente visíveis a nós, seres humanos.
Os seres humanos são compostos de cinco sentidos, e necessariamente se utilizam destes para estabelecerem relações com as realidades que os cercam. Com relação a Deus, essencialmente “puro espírito”, não é diferente, e por isso existe a Liturgia: uma forma de experimentar algo que é real, mas não imediatamente sensorial. Logo, para se tornar sensível, a presença de Deus se utiliza da mediação dos sinais sacramentais – realidades visíveis de uma presença real, mas invisível.
Este pressuposto antropológico se faz necessário para qualquer sacramento, inclusive e sobretudo para a Eucaristia, que, para tornar-se substancial, necessita da mediação de duas realidades humanas que são transubstancializadas: pão que se torna corpo, vinho que se torna sangue do Senhor. Visivelmente continua sendo pão, mas pela fé, um Pão tornado Corpo do Senhor. Se vê-Lo (o Senhor Ressuscitado) no pão consagrado é exigente, enxergá-Lo no “nada” tornar-se-ia impensável para nossa condição humana necessitada de sinais que “visibilizem o invisível”.
Diante do exposto, conclui-se que em relação à Eucaristia tem-se maior facilidade para se experimentar o mistério da presença real do Senhor devido ao sinal existente do Pão Consagrado. Conclui-se igualmente a dificuldade de se experimentar o mistério da presença real do Senhor na Palavra celebrada pela falta de algum sinal que, mesmo não sendo substancial, torne visível a realidade da presença espiritual, mística, mas real de Cristo junto aos seus durante a celebração.
Urge buscar meios de tornar tangível a realidade espiritual da presença do Senhor na Palavra. Chegamos então, ao coração de nosso estudo: antropologicamente faz-se necessário a  existência de sinais que nos ajudem a experimentar a presença real do Senhor enquanto se celebra sua presença na Palavra. E estes sinais já existem em nossos ritos celebrativos. Basta-nos descobri-los não como ritos periféricos, decorativos, exigências (seja por parte da Comissão Diocesana ou por organismos superiores da Igreja), mas como aquilo que de fato eles são: sinais tangíveis da presença de Cristo. Em outras palavras: em cada rito que será especificado a seguir, como, por exemplo, a procissão do Evangeliário, deverá a assembleia celebrativa afirmar, mesmo que silenciosamente, no coração, ao ver o Livro dos Evangelhos sendo trasportado até a mesa  da Palavra: “Eu vi o Senhor!”, a exemplo da primeira comunidade logo após a ressurreição (cf. Jo 21,25).

Um comentário:

  1. Muito bom padre essa formação de liturgia no face o povo católico precisa mesmo de mais orientação porque tem muitos falando besteira em formação nas comunidades.

    ResponderExcluir