Presença real de Cristo na Eucaristia e na Palavra
Enfoque antropológico
Após
conceituarmos teológica e biblicamente a presença real de Cristo na Palavra, e
real e substancial na Eucaristia, convém ampliar a reflexão com as implicações
antropológicas destas verdades de fé, pois, embora reais, tais presenças não
são realmente visíveis a nós, seres
humanos.
Os seres
humanos são compostos de cinco sentidos, e necessariamente se utilizam destes
para estabelecerem relações com as realidades que os cercam. Com relação a
Deus, essencialmente “puro espírito”, não é diferente, e por isso existe a
Liturgia: uma forma de experimentar algo que é real, mas não imediatamente
sensorial. Logo, para se tornar sensível,
a presença de Deus se utiliza da mediação dos sinais sacramentais – realidades
visíveis de uma presença real, mas invisível.
Este
pressuposto antropológico se faz necessário para qualquer sacramento, inclusive
e sobretudo para a Eucaristia, que, para tornar-se substancial, necessita da
mediação de duas realidades humanas que são transubstancializadas:
pão que se torna corpo, vinho que se torna sangue do Senhor. Visivelmente
continua sendo pão, mas pela fé, um Pão tornado Corpo do Senhor. Se vê-Lo (o
Senhor Ressuscitado) no pão consagrado é exigente, enxergá-Lo no “nada”
tornar-se-ia impensável para nossa condição humana necessitada de sinais que
“visibilizem o invisível”.
Diante do
exposto, conclui-se que em relação à Eucaristia tem-se maior facilidade para se
experimentar o mistério da presença real do Senhor devido ao sinal existente do
Pão Consagrado. Conclui-se igualmente a dificuldade de se experimentar o
mistério da presença real do Senhor na Palavra
celebrada pela falta de algum sinal que, mesmo não sendo substancial, torne
visível a realidade da presença espiritual, mística, mas real de Cristo junto
aos seus durante a celebração.
Urge buscar
meios de tornar tangível a realidade espiritual da presença do Senhor na
Palavra. Chegamos então, ao coração de nosso estudo: antropologicamente faz-se
necessário a existência de sinais que
nos ajudem a experimentar a presença real do Senhor enquanto se celebra sua
presença na Palavra. E estes sinais já existem em nossos ritos celebrativos. Basta-nos
descobri-los não como ritos periféricos, decorativos, exigências (seja por
parte da Comissão Diocesana ou por organismos superiores da Igreja), mas como
aquilo que de fato eles são: sinais tangíveis da presença de Cristo. Em outras
palavras: em cada rito que será especificado a seguir, como, por exemplo, a
procissão do Evangeliário, deverá a assembleia celebrativa afirmar, mesmo que
silenciosamente, no coração, ao ver o Livro dos Evangelhos sendo trasportado até a mesa da Palavra: “Eu vi o Senhor!”, a exemplo da primeira
comunidade logo após a ressurreição (cf. Jo 21,25).
Muito bom padre essa formação de liturgia no face o povo católico precisa mesmo de mais orientação porque tem muitos falando besteira em formação nas comunidades.
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