Oração dos Fiéis
Histórico bíblico-patrístico
A oração que se segue após a
Proclamação e atualização da Palavra de Deus é, desde toda a antiguidade, a
oração mais privilegiada, a oração da Igreja por excelência. Sua importância é
destacada nos documentos mais antigos que temos notícia:
Paulo (1Tm 2,1ss) recomendava que
a comunidade orasse “por todos os homens, pelos reis e por todos os
constituídos em autoridade”. Este texto afirma com veemência a universalidade
da oração cristã: deve ser feita “para que todos os homens sejam salvos”
São Justino informa em suas
descrições da missa dominical (Apologias 1,67) que depois da fala do Bispo
“todos nós levantamos juntos e dizemos orações”. Estas orações dos irmãos
reunidos na presença de Deus são a primeira coisa da qual participa uma pessoa
recém-batizada. Neste momento se reza, segundo Justino “por si mesmo, pelo
recém-batizado e por todas as pessoas em todos os outros lugares”.
Oração “depois de se levantar da
homilia” é uma expressão muito familiar no Egito já no século 3º, e, em tempos
seguintes, em todas as liturgias do Oriente tal prática se populariza.
No Ocidente a oração dos fiéis já
é testemunhada por Hipólito e Cipriano. Em Agostinho encontram-se um grande
número de homilias que são encerradas com a expressão Conversi ad Dominum, isto é: seguia à homilia uma oração
comunitária durante a qual as pessoas se voltavam, como sempre quando a comunidade
rezava, para o leste (nas “Constituições apostólicas” a postura de ficar em pé
e voltado para o leste também é enfatizada quando a comunidade faz esta
oração).
Depois que Deus dirige sua
Palavra ao povo cristão e este a acolhe, os cristãos se põem a orar, para que a
salvação que as leituras anunciaram e atualizaram a seu modo se torne eficaz e
se cumpra para toda a nossa geração, Igreja e humanidade inteira.
Origem do nome “Oração dos Fiéis”
O nome “Oração dos Fiéis” faz
referência ao tempo em que se realizava a despedida dos catecúmenos neste
momento da celebração, depois da homilia e ficavam só os fiéis para a
Eucaristia. Eis as palavras de Santo Agostinho: “Ecce post sermonem fit missa catechumenorum, manebunt fideles”.
Hoje não se faz habitualmente este convite em todas as missas. Exceção se faz
nas celebrações com a presença oficial dos catecúmenos da comunidade local.
Nestas celebrações, após a homilia, segue a seguinte sequência celebrativa:
1º - o presidente da celebração
convida os catecúmenos a se aproximarem do altar, ajoelhando-se;
2º - a comunidade cristã,
exercendo sua missão sacerdotal, intercede pelo catecúmeno (Já é uma forma de
“oração dos fiéis”, que oram a Deus. Contudo a intenção desta oração, embora
siga a mesma forma da oração dos fiéis com as intenções propostas por um
ministro e a resposta unânime da comunidade, apresenta uma única intenção:
pelos catecúmenos);
3º - aquele que preside impõe as
mãos sobre os catecúmenos pedindo a graça de Deus sobre eles e em seguida os
despendem com as seguintes palavras: “Prezados catecúmenos, vão em paz, e o
Senhor Jesus permaneça com vocês” (interessante perceber que não se usa a
palavra “irmãos”, mas sim “prezados”, pelo obvio motivo de ainda não serem
batizados, portanto, ainda não pertencem à família de Deus).
4º após a saída dos catecúmenos
(que deverão se dirigir a um lugar conveniente juntamente com seus catequistas
para partilharem as experiências espirituais da semana e da celebração da
Palavra que acabaram de participar), prossegue a celebração. Contudo, segundo as
rubricas do “Ritual de Iniciação cristã de adultos”, imediatamente após a saída
dos catecúmenos, os fiéis iniciam a “oração universal”, intercedendo a Deus
pelas necessidades da Igreja e de todo o mundo; em seguida diz-se o creio e
segue a celebração como de costume.
No novo ritual do sacramento da
Confirmação, diz-se a oração dos Fiéis não imediatamente após a homilia, como
de costume, mas depois do gesto sacramental da “imposição de mãos e da
crismação”: assim, o primeiro ato que os novos confirmados na Fé realizam com a
comunidade é interceder pelo mundo inteiro. O mesmo acontece durante a Vigília
Pascal: após a celebração do Batismo e Crisma, os neófitos (aqueles que foram
“recém iluminados”, ou seja, recém batizados) participam pela primeira vez da “Oração
dos Fiéis” (pois agora pertencem ao povo de Deus, e poderão exercer pela
primeira vez sua missão sacerdotal, intercedendo ao Senhor pelas necessidades
da Igreja e de todo o mundo) e, em seguida, da apresentação do pão e do vinho.
Mesmo sendo uma longa celebração, a “oração dos Fiéis” nunca pode ser suprimida
da Vigília Pascal pela sua importância teológica e espiritual.
Com tudo o que fora dito,
conclui-se que tal oração, colocada logo após a despedida dos catecúmenos, é um
privilégio dos fiéis, salientando seu caráter sacerdotal e sua missão de
interceder por todo o mundo.
Origem do nome “Oração Universal”
Outro nome que é dado a este
momento ritual nas celebrações litúrgicas é “Oração Universal”. Na Liturgia
Romana encontramos na “Oração Universal” da sexta-feira santa a forma mais
antiga e solene de oração por todas as necessidades da Igreja. É uma verdadeira
“oração universal”, pois abarca tudo e todos.
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