terça-feira, 25 de setembro de 2012

Oração dos Fiéis - 1ª parte, fundamentação histórica


Oração dos Fiéis


Histórico bíblico-patrístico
A oração que se segue após a Proclamação e atualização da Palavra de Deus é, desde toda a antiguidade, a oração mais privilegiada, a oração da Igreja por excelência. Sua importância é destacada nos documentos mais antigos que temos notícia:

Paulo (1Tm 2,1ss) recomendava que a comunidade orasse “por todos os homens, pelos reis e por todos os constituídos em autoridade”. Este texto afirma com veemência a universalidade da oração cristã: deve ser feita “para que todos os homens sejam salvos”

São Justino informa em suas descrições da missa dominical (Apologias 1,67) que depois da fala do Bispo “todos nós levantamos juntos e dizemos orações”. Estas orações dos irmãos reunidos na presença de Deus são a primeira coisa da qual participa uma pessoa recém-batizada. Neste momento se reza, segundo Justino “por si mesmo, pelo recém-batizado e por todas as pessoas em todos os outros lugares”.

Oração “depois de se levantar da homilia” é uma expressão muito familiar no Egito já no século 3º, e, em tempos seguintes, em todas as liturgias do Oriente tal prática se populariza.

No Ocidente a oração dos fiéis já é testemunhada por Hipólito e Cipriano. Em Agostinho encontram-se um grande número de homilias que são encerradas com a expressão Conversi ad Dominum, isto é: seguia à homilia uma oração comunitária durante a qual as pessoas se voltavam, como sempre quando a comunidade rezava, para o leste (nas “Constituições apostólicas” a postura de ficar em pé e voltado para o leste também é enfatizada quando a comunidade faz esta oração).

Depois que Deus dirige sua Palavra ao povo cristão e este a acolhe, os cristãos se põem a orar, para que a salvação que as leituras anunciaram e atualizaram a seu modo se torne eficaz e se cumpra para toda a nossa geração, Igreja e humanidade inteira.

Origem do nome “Oração dos Fiéis”
O nome “Oração dos Fiéis” faz referência ao tempo em que se realizava a despedida dos catecúmenos neste momento da celebração, depois da homilia e ficavam só os fiéis para a Eucaristia. Eis as palavras de Santo Agostinho: “Ecce post sermonem fit missa catechumenorum, manebunt fideles”. Hoje não se faz habitualmente este convite em todas as missas. Exceção se faz nas celebrações com a presença oficial dos catecúmenos da comunidade local. Nestas celebrações, após a homilia, segue a seguinte sequência celebrativa:

1º - o presidente da celebração convida os catecúmenos a se aproximarem do altar, ajoelhando-se;
2º - a comunidade cristã, exercendo sua missão sacerdotal, intercede pelo catecúmeno (Já é uma forma de “oração dos fiéis”, que oram a Deus. Contudo a intenção desta oração, embora siga a mesma forma da oração dos fiéis com as intenções propostas por um ministro e a resposta unânime da comunidade, apresenta uma única intenção: pelos catecúmenos);
3º - aquele que preside impõe as mãos sobre os catecúmenos pedindo a graça de Deus sobre eles e em seguida os despendem com as seguintes palavras: “Prezados catecúmenos, vão em paz, e o Senhor Jesus permaneça com vocês” (interessante perceber que não se usa a palavra “irmãos”, mas sim “prezados”, pelo obvio motivo de ainda não serem batizados, portanto, ainda não pertencem à família de Deus).
4º após a saída dos catecúmenos (que deverão se dirigir a um lugar conveniente juntamente com seus catequistas para partilharem as experiências espirituais da semana e da celebração da Palavra que acabaram de participar), prossegue a celebração. Contudo, segundo as rubricas do “Ritual de Iniciação cristã de adultos”, imediatamente após a saída dos catecúmenos, os fiéis iniciam a “oração universal”, intercedendo a Deus pelas necessidades da Igreja e de todo o mundo; em seguida diz-se o creio e segue a celebração como de costume. 

No novo ritual do sacramento da Confirmação, diz-se a oração dos Fiéis não imediatamente após a homilia, como de costume, mas depois do gesto sacramental da “imposição de mãos e da crismação”: assim, o primeiro ato que os novos confirmados na Fé realizam com a comunidade é interceder pelo mundo inteiro. O mesmo acontece durante a Vigília Pascal: após a celebração do Batismo e Crisma, os neófitos (aqueles que foram “recém iluminados”, ou seja, recém batizados) participam pela primeira vez da “Oração dos Fiéis” (pois agora pertencem ao povo de Deus, e poderão exercer pela primeira vez sua missão sacerdotal, intercedendo ao Senhor pelas necessidades da Igreja e de todo o mundo) e, em seguida, da apresentação do pão e do vinho. Mesmo sendo uma longa celebração, a “oração dos Fiéis” nunca pode ser suprimida da Vigília Pascal pela sua importância teológica e espiritual.

Com tudo o que fora dito, conclui-se que tal oração, colocada logo após a despedida dos catecúmenos, é um privilégio dos fiéis, salientando seu caráter sacerdotal e sua missão de interceder por todo o mundo.


Origem do nome “Oração Universal”
Outro nome que é dado a este momento ritual nas celebrações litúrgicas é “Oração Universal”. Na Liturgia Romana encontramos na “Oração Universal” da sexta-feira santa a forma mais antiga e solene de oração por todas as necessidades da Igreja. É uma verdadeira “oração universal”, pois abarca tudo e todos.  

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