O SIGNIFICADO RITUAL DO DOM DA PAZ NA MISSA
Comissão Diocesana de Liturgia – Diocese de Taubaté
No último dia 07 de junho, o Santo Padre, Papa Francisco,
recebeu em audiência o prefeito da Congregação do Culto Divino e disciplina dos
Sacramentos para juntos refletirem e deliberarem sobre o rito do abraço da paz
durante a celebração Eucarística. Fruto de uma longa reflexão, iniciada no
pontificado do Papa Bento XVI, o Santo Padre não “mudou” em nada o rito da paz
tal qual ele consta no missal romano – apenas corrigiu excessos que se
incutiram nas últimas décadas desde a reforma litúrgica, bem como nos apresenta
uma belíssima reflexão sobre o significado do Dom da Paz que o Senhor
Ressuscitado nos oferece em cada Eucaristia.
Na carta circular enviada às Conferências Episcopais no
dia 08 de junho, em seu número 06, o prefeito da referida Congregação assim se
exprime:
“O tema tratado é importante. Se os fiéis não compreendem
e não demonstram viver, em seus gestos rituais, o significado correto do rito
da paz, debilita-se o conceito cristão da paz e se vê afetada negativamente sua
própria frutuosa participação na Eucaristia. Portanto, junto às precedentes
reflexões (que serão trabalhadas em futuros artigos deste jornal), oferece-se
algumas sugestões práticas:
a)
Esclarece-se definitivamente que o rito da paz alcança já seu profundo
significado com a oração e o oferecimento da paz no contexto da Eucaristia. O
dar-se a paz corretamente entre os participantes na Missa enriquece seu
significado e confere expressividade ao próprio rito. Portanto, é totalmente
legítimo afirmar que não é necessário convidar “mecanicamente” para se dar a
paz. Se se prevê que tal troca não se levará ao fim adequadamente por
circunstâncias concretas, ou se retem pedagogicamente conveniente não
realizá-lo em determinadas ocasiões, pode-se omitir, e inclusive, deve ser
omitido.
b) De
todos os modos, será necessário que no momento de dar-se a paz se evitem alguns
abusos tais como:
- A
introdução de um “canto para a paz”, inexistente no Rito romano.
- Os
deslocamentos dos fiéis para trocar a paz.
- Que
o sacerdote abandone o altar para dar a paz a alguns fiéis.
- Que
em algumas circunstâncias, como a solenidade de Páscoa ou de Natal, ou
Confirmação, o Matrimônio, as sagradas Ordens, as Profissões religiosas ou as
Exéquias, o dar-se a paz seja ocasião para felicitar ou expressar condolências
entre os presentes.
d)
Convida-se igualmente a todas as Conferências dos bispos a preparar catequeses
litúrgicas sobre o significado do rito da paz na liturgia romana e sobre seu
correto desenvolvimento na celebração da Santa Missa. A este propósito, a
Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos acompanha a
presente carta com algumas pistas orientativas”.
Continua a carta circular, no número 03: “Na Exortação
Apostólica pós-sinodal Sacramentum
caritatis o papa Bento XVI havia confiado a esta Congregação a tarefa
de considerar a problemática referente ao sinal da paz, com o fim de
salvaguardar o valor sagrado da celebração eucarística e o sentido do mistério
no mundo da Comunhão sacramental: “A Eucaristia é por sua natureza sacramento
da paz. Esta dimensão do Mistério eucarístico se expressa na celebração
litúrgica de maneira específica com o gesto da paz. Trata-se indubitavelmente
de um sinal de grande valor (cf. Jo 14, 28). Em nosso tempo, tão cheio de
conflitos, este gesto adquire, também a partir ponto de vista da sensibilidade
comum, um relevo especial, já que a Igreja sente cada vez mais como tarefa
própria pedir a Deus o dom da paz e a unidade para si mesma e para toda a
família humana. [...] Por isso se compreende a intensidade com que se vive
frequentemente o rito da paz na celebração litúrgica. A este propósito,
contudo, durante o Sínodo dos bispos se viu a conveniência de moderar este
gesto, que pode adquirir expressões exageradas, provocando certa confusão na
assembléia precisamente antes da Comunhão. Seria bom recordar que o alto valor
do gesto não fica diminuído pela sobriedade necessária para manter um clima
adequado à celebração, limitando por exemplo a troca da paz aos mais próximos”.
06 de setembro de 2014
Pe. Roger Matheus dos Santos
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